Quem vive pelas ruas tende a
loucura patológica informal. Não sei se foi esse o caso de Lolô, Tiaozinho e
Cíço Pia; em geral a sociedade tende a hostilizar os andarilhos e pedintes que
não têm um teto, que vivem na rua, mas no caso das três pessoas supracitadas,
havia uma empatia da sociedade para com elas, pois todas tinham um lar e uma
família.
Por certo que Tiaozinho e Ciço Pia
não representavam, minimamente, o ébrio Celestiano, mas que não se faziam de
rogados quando alguma abençoada alma lhe ofertava um gole. No caso de Ciço Pia
não precisava lhe ofertar, bastava não distrair-se para que o copo lhe fosse tirado
com uma inigualável destreza.
No mundo laboral que nos consome
diariamente não havia lugar para esses personagens, talvez por isso Lolô
beijava qualquer pessoa sem que esta esperasse a pedido de quem lhe ofertasse
alguns trocados.
Alguém disse que “as regras da
sociedade, sua hierarquia, só são suportáveis na medida em que não pensarmos
muito sobre elas,” pois bem, Lolô, Tiaozinho e Ciço Pia, talvez pelas suas
amarras patológicas, viveram exatamente assim.
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