Em novembro do ano passado o Departamento de Educação do Campus VIII da Universidade do Estado da Bahia realizou, em parceria com a Comissão Municipal de Enfrentamento ao Abuso e Violência Sexual Infanto-juvenil, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social da prefeitura, o II Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente. O Fórum usou como slogan a frase “Eu apito, eu denuncio!” e contou com extensa programação destacando-se os debates, mostras de cinema para crianças e adultos e apresentações artísticas. Na oportunidade Dra. Mirela Matos, titular da Delegacia da Mulher de Paulo Afonso foi a encarregada de abrir o evento e falou da violência sexual contra crianças e adolescentes no município e região. Ao final do evento, marcado por uma caminhada, houve um grande apitaço como ato simbólico que repudiava a violência sexual infanto-juvenil.
Após um ano da realização do evento, a criação de redes comunitárias de proteção contra a violência sexual de crianças e adolescentes, foco prioritário do fórum, não foi viabilizada nem tampouco qualquer outra política de contensão da violência em questão. Um mapeamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), apresentado este mês, indica a Bahia como o estado brasileiro com maior número de pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes com acentuada participação de Paulo Afonso. A PRF identificou 117 pontos nas estradas federais do estado. No restante do país, foram identificados 1.820 pontos. Desse total, 67,5% ficam em trechos urbanos e 45,9%, nos principais eixos rodoviários do país.
Além do mapeamento, foi feita uma classificação de níveis de risco em cada ponto do país. Os agentes preencheram um questionário com informações de todos os locais visitados e identificaram o grau de risco (baixo, médio, alto e crítico).
Adolescentes e pré-adolescentes, em sua maioria moradores dos bairros Prainha e Jardim Esperança, usam diariamente a pista da BA-220, nas proximidades do parque de exposição, como ponto de abordagem de motoristas e transeuntes para suas aventuras sexuais.
As abordagens se dão em plena via pública às vistas de qualquer pessoa, inclusive das autoridades que, por sua vez, pouco ou nada fazem para coibir a cena. Aliás, em se tratando das ações do poder constituído, os menores de Paulo Afonso estão demasiadamente desassistidos haja vista que o município não dispõe sequer de um juiz titular na Vara da Infância e Juventude.
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