O MP fez cruzamentos de dados de todas as movimentações financeiras de Flávio e de sua esposa. Entre 2010 e 2014, por exemplo, houve um “saldo a descoberto no valor de R$ 977.611,26"
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro afirma em denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que o parlamentar tem “predileção pelo uso de dinheiro em espécie” e integrou ao seu patrimônio, de forma “sorrateira”, valores ilícitos, vindos de desvio de recursos públicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no esquema de rachadinhas.
O documento encaminhado à Justiça, assinado pelo procurador Ricardo Martins, afirma que o denunciado “fazia pouquíssimo uso de serviços bancários como cartões de crédito e débito”. Num período de 36 meses, entre 2007 e 2009, o filho do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) gastou pouco mais de R$ 7 mil com faturas de cartão de crédito, em uma média mensal de R$ 195.
O procurador diz ainda que Flávio fez vários investimentos vindos de “fontes estranhas”. Pagou, em dinheiro vivo, R$ 90 mil em para uma corretora de ações. Perdeu o dinheiro e ainda ficou com uma dívida de mais R$15,5 mil.
Flávio comprou ainda 12 salas comerciais em condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e desembolsou R$ 262 mil no mesmo período, de acordo com a denúncia. Segundo o MP, “os extratos bancários do ex-Deputado não registraram nenhum débito que fosse compatível com as datas e valores dos recebimentos informados pelas imobiliárias”.
O procurador conclui que “65% das despesas para a aquisição das salas comerciais no ano de 2008 foram quitadas com cheques de terceiros e depósitos em espécie, ao passo que o percentual restante foi pago mediante boletos bancários que não foram debitados na conta do parlamentar”.
O MP fez cruzamentos de dados de todas as movimentações financeiras de Flávio e de sua esposa, Fernanda Bolsonaro, mapeando todas as entradas e saídas de dinheiro. Entre 2010 e 2014, por exemplo, houve um “saldo a descoberto no valor de R$ 977.611,26, correspondente à estimativa de parte do enriquecimento ilícito” do casal nesse período.
Para o MP, “a tentativa de ocultar a origem dos depósitos omitindo a identificação do portador dos recursos decorre evidentemente do caráter ilícito dos valores integrados de forma sorrateira ao patrimônio do casal, circunstância que se depreende também da coincidência entre o período da geração de grandes quantias de dinheiro ‘vivo’ desviado da Alerj pelo esquema das ‘rachadinhas’ e a realização dos depósitos em espécie nas contas bancárias do líder da organização criminosa e de sua esposa”.
A defesa de Flávio Bolsonaro diz que o senador não cometeu nenhuma irregularidade, que ele desconhece supostas operações financeiras entre ex-servidores da Alerj e que os fatos serão esclarecidos no tempo e no foro adequados.
Com informações do G1
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