Dados da Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS) apontam que, dos 886 atendimentos realizados em Alagoas no ano passado, 79% foram a crianças e adolescentes, o que representa a maioria esmagadora. Realidade que levou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) a lançar, nesta sexta-feira (6), o Projeto Sementes do Amanhã, que visa capacitar profissionais que trabalham em instituições que atendem menores de idade, levando-os a atuarem na prevenção da violência sexual.
Por meio do projeto, a Sesau visa modificar condutas e formar novas culturas, sensibilizando e mobilizando a sociedade para o combate sistêmico à violência sexual contra crianças e adolescentes. Para isso, a RAVVS irá se fundamentar na prevenção primária, uma vez que, conforme a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA), representa a estratégia mais econômica, eficaz e abrangente para se evitar a violência contra os menores de 18 anos.
Com isso, segundo a coordenadora da RAVVS, Camille Wanderley, o Projeto Sementes do Amanhã vai estimular o desenvolvimento de ambientes inclusivos, com base no fortalecimento das habilidades de vida, educação sexual e autocuidado. “O propósito da iniciativa é preparar os profissionais das instituições que lidam com crianças e adolescentes a trabalharem a temática da violência sexual, uma vez que o assunto é sério, mas, extremamente delicado, pois estudos apontam que os menores de 18 anos são abusados, em sua maioria, nos ambientes residenciais e, o mais grave, por pessoas do núcleo familiar, que exercem influência psicológica e financeira sobre as vítimas”, ressaltou.
Execução do projeto – O Projeto Sementes do Amanhã consiste em duas etapas, onde a primeira será composta pelo desenvolvimento do Curso Online de Capacitação sobre Atendimento a Vítimas de Violência Sexual, voltado para os técnicos das instituições contempladas. Os profissionais que atingirem 100% de frequência, receberão certificado emitido pela Sesau.
Já na segunda etapa, serão realizados encontros presenciais nas instituições participantes, onde serão realizadas dinâmicas e atividades adaptadas a cada faixa etária. A primeira instituição a ser contemplada pelo projeto é o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil Dr. Luiz da Rocha Cerqueira (CAPSi), situado em Maceió, que trata do cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes.
“Acreditamos que, com o advento da Pandemia da Covid-19 e, consequentemente, as medidas de isolamento social e confinamento domiciliar e institucional, que são necessárias e preventivas, muitas crianças e adolescentes estão sob risco, ainda maior, de sofrerem violência física, sexual e psicológica. Desde abril deste ano, temos registrado queda no número de atendimentos, quando na verdade era esperada uma estabilização ou um aumento deles e, diante desta situação, suspeitamos que, por estarem recolhidas e longe da escola, as crianças e adolescentes não estejam denunciando os casos de abuso aos órgãos de saúde e segurança pública, ampliando a subnotificação”, salientou Camille Wanderley.
Ela ressalta que crianças e adolescentes atendidos pela RAVVS recebem assistência multidisciplinar em saúde, atendimento psicológico e seus casos são notificados pelas autoridades de segurança pública. Denúncias que ocorrem de forma presencial no Hospital da Mulher (HM), no bairro Poço, em Maceió, onde o serviço funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia, ou através do telefone 9 8882 9765.
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