Desserviço e irresponsabilidade: Ana Paula do vôlei cria fake news sobre mortes por vacinas contra Covid e vídeo se torna viral. Infectologista rebate com dados e Youtube afirma que investiga conteúdo
O episódio aconteceu na última quinta-feira (25/2). “Os dados [da vacinação] são alarmantes. 501 pessoas morreram pós-vacina”, afirmou a ex-atleta, que é assumidamente admiradora do presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, a informação foi distorcida pela comentarista. Isso porque os dados são de uma plataforma na qual qualquer pessoa pode incluí-los e, neste caso, ainda sem investigação por parte dos órgãos responsáveis. Por isso, os números não podem ser creditados à vacinação de forma oficial.
A fonte que Ana Paula utilizou é o portal do VAERS (Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas, na tradução), do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).
Veja o que diz o próprio site do VAERS: “Os dados do VAERS não podem ser usados para determinar as taxas de eventos adversos. Se um sinal de segurança da vacina for identificado por meio do VAERS, os cientistas podem conduzir estudos adicionais para descobrir se o sinal representa um risco real.”
O CDC, por sua vez, informou que as mortes “não devem ser assumidas como relacionadas à vacinação”. Ou seja, as pessoas vacinadas que morreram não perderam a vida por causa da Covid-19 ou de alguma reação do imunizante.
Pelo Twitter, a médica infectologista Denise Garrett, que já atuou no CDC, se manifestou com links da própria agência estadunidense.
“Dados do @CDCgov sobre segurança das vacinas p COVID no 1o mês de uso nos EUA: 14 milhões de doses, somente 0.05% eventos adversos, + de 90% leves (p.ex., cefaleia, fadiga e tontura). Nenhuma morte ou evento sério ligado à vacina”, complementou Denise, afirmando ainda que “as vacinas são nossa principal esperança de sair desse buraco da COVID-19”.
No Brasil
Ana Paula também citou que o Brasil vive uma “roleta-russa” por conta da aplicação das vacinas — atualmente, a CoronaVac e a da AstraZeneca/Oxford estão em uso. Mas a afirmação também não faz sentido porque, até o momento, não há qualquer registro que relacione as vacinas com eventos adversos graves ou mortes no país, conforme esclareceu a Anvisa.
Em nota divulgada nesta terça-feira (2), a agência informou que não há nenhum caso de óbito conhecido que tenha relação estabelecida com o uso das vacinas para covid-19 autorizadas no país. “As vacinas em uso no país são consideradas seguras. Não houve alteração na relação de risco e benefício deste produto. Já é esperado que pessoas venham a óbito por outros motivos de saúde e mesmo por causas naturais, tendo em vista a taxa de mortalidade já conhecida para cada faixa etária da população brasileira.”
O vídeo de Ana Paula propaganda informação falsa já tem mais de 1 milhão de visualizações. Internautas denunciaram o conteúdo ao Youtube, que se manifestou oficialmente.
“Obrigado por trazer isto à nossa atenção, estamos repassando o relatório agora mesmo. Além disso, pedimos que sinalize este vídeo (e quaisquer outros vídeos) que podem violar nossas diretrizes para que possamos analisá-los”, escreveu o Twitter da plataforma.
0 Comentários