Após deixar o governo Bolsonaro, ex-juiz trabalhou para Alvarez & Marsal - onde permaneceu até outubro deste ano
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas determinou que a empresa Alvarez & Marsal revele quanto pagou ao ex-juiz, e hoje presidenciável, Sergio Moro depois que ele deixou a empresa em outubro deste ano.
De acordo com informações da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, a decisão de Dantas atende a um pedido feito pelo Ministério Público junto à corte no começo do mês.
O ministro também determinou que seja realizado junto ao Judiciário um levantamento de todos os processos de recuperação judicial em que a Alvarez & Marsal atuou no período da operação Lava Jato.
Anteriormente, em despacho, Dantas avaliou que atos de Moro enquanto magistrado "naturalmente" contribuíram para a derrocada da Odebrecht, e manifestou querer saber se a Alvarez & Marsal foi beneficiada ao se envolver na recuperação da empreiteira - bem como de outras organizações investigadas pelo ex-ministro do governo Bolsonaro.
Ainda de acordo com a publicação, o ministro solicitou os contratos da Alvarez & Marsal em ordem cronológica, para verificar a evolução dos negócios da companhia no Brasil desde a Lava Jato.
O subprocurador-geral Lucas Furtado, ao justificar o pedido de investigação, argumentou ser necessário apurar os prejuízos ocasionados aos cofres públicos por "operações supostamente ilegais" de integrantes da Lava Jato e de Moro "mediante práticas ilegítimas de revolving door", ou "porta giratória" –quando servidores públicos assumem postos como lobistas ou consultores na área de sua atividade anterior no serviço público.
Moro anunciou sua saída do ministério da Justiça e Segurança Pública em abril de 2020. Na ocasião, acusou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de tentar interferir politicamente na Polícia Federal (PF). Um mês depois, comunicou a Comissão de Ética da Presidência da República que trabalharia como consultor e advogado em um escritório após deixar a pasta.
Em novembro de 2020, a Alvarez & Marsal anunciou que o ex-magistrado havia sido contratado como sócio-diretor para atuar na área de Disputas e Investigações. Posteriormente, a consultoria voltou atrás e disse que Moro não era sócio do grupo.
Também foi dito, na ocasião, que ele não participa de casos que possam ter sido afetados por medidas tomadas por ele enquanto ocupava função pública.
Em fevereiro deste ano, o Ministério Público pediu ao TCU que suspendesse qualquer pagamento à Alvarez & Marsal, no âmbito da recuperação judicial da Odebrecht, até que o papel de Moro na Alvarez & Marsal fosse avaliado.(bnews.com.br)
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