Modus operandi é o mesmo utilizado no atentado contra Lula no Rio de Janeiro. Além de fezes, bolsonaristas atiraram ovos enquanto o juiz dirigia seu carro em Brasília. Magistrado tem sido alvo de ameaças desde que determinou a prisão do ex-ministro da Educação

Carro do juiz federal Renato Borelli

O juiz federal Renato Borelli, da 15ª Vara da Justiça Federal em Brasília, foi alvo de ataques nesta quinta-feira (7) na capital federal. Enquanto dirigia, o veículo do magistrado foi atingido por fezes de animais, terra e ovos podres. Apesar do vidro dianteiro do carro ter ficado coberto com os dejetos e ter atrapalhado a direção, ele conseguiu conduzir o veículo até um local seguro e não ficou ferido.

O modus operandi do ataque contra Borelli foi o mesmo utilizado no atentado contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio de Janeiro, também na quinta-feira. A polícia identificou André Stefano Dimitriu Alves de Brito como sendo o autor do ato criminoso.

O TRF-1 já tomou conhecimento sobre o ataque contra Borelli. O juiz não ficou ferido, mas tem sido vítima de ataques e ameaças desde que decretou a prisão preventiva do ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro.

A Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, investiga acusações de um gabinete paralelo no MEC (Ministério da Educação) e mira também em dois pastores, Gilmar dos Santos e Arilton Moura, além de apurar indícios de pagamento de propina e atuação de lobistas no processo de liberação de verbas do ministério a municípios.

Ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o requerimento de instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do MEC que quer apurar supostas irregularidades no repasse de verbas da pasta e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Esse é o primeiro passo para a abertura da investigação.

Em março deste ano, a Folha de S. Paulo obteve um áudio em que o então ministro da Educação Milton Ribeiro diz que o governo federal prioriza prefeituras ligadas a esses dois pastores. Sem cargos, eles atuariam em um esquema informal de obtenção de verbas da pasta.

Segundo Ribeiro, essa é uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL): “Foi um pedido especial que o Presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”.

Dias depois, o então ministro foi exonerado do cargo, mas sem perder o apoio da família Bolsonaro. A primeira-dama Michelle Bolsonaro disse acreditar na inocência dele: “Só posso dizer que eu amo a vida dele. Deus sabe de todas as coisas, vai provar que ele é uma pessoa honesta, e justa, fiel e leal”.

Já o presidente falou que se arriscaria por Ribeiro: “O Milton, coisa rara eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda no fogo pelo Milton”.

Por: pragmatismopolitico.com.br