Parlamentar italiano Angelo Bonelli oficiou o governo de seu país questionando o pedido de cidadania feito pelos filhos de Bolsonaro e avisando que ela poderia ser usada pelo clã para escapar da Justiça no Brasil

Flávio, Eduardo e Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução

O parlamentar italiano Angelo Bonelli, do Movimento Europa Verde e da Aliança Verde e de Esquerda, enviou um comunicado oficial ao Ministério das Relações Exteriores da Itália e à embaixada de seu país no Brasil, nesta quinta-feira (10), questionando o pedido de cidadania italiana feito esta semana por Eduardo Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, filhos do ainda presidente Jair Bolsonaro.

Na última segunda-feira (7), apenas 9 dias após a derrota de Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial, seus filhos foram à Embaixada da Itália em Brasília para tentar fazer avançar o pedido de cidadania. Caso obtenham sucesso na solicitação, eles poderiam morar legalmente no país europeu.

Bonelli, no entanto, alerta o governo italiano de que uma eventual cidadania concedida aos familiares de Bolsonaro poderia ser usada para que eles escapassem da Justiça no Brasil. No comunicado oficial, o parlamentar avisa ao Ministério das Relações Exteriores de seu país que "o senador Flávio Bolsonaro foi acusado de usar funcionários fictícios para inflar sua renda quando era deputado estadual no Rio de Janeiro", fazendo referência ao caso das rachadinhas.

"Uma prática generalizada na família, segundo os investigadores: de 1990 até hoje, os Bolsonaros compraram 107 apartamentos, metade dos quais em dinheiro. O terceiro filho, Eduardo Bolsonaro, agora deputado, está envolvido no caso da 'milícia digital'", escreveu Bonelli.

O parlamentar ainda questiona o governo da Itália se o próprio Bolsonaro está tentando obter a cidadania e destaca que o ainda presidente brasileiro é o "responsável pela devastação da Floresta Amazônica e pela violação dos direitos humanos e, por isso, ele está em julgamento por crimes contra a humanidade, com o Senado brasileiro iniciando um 'estado de acusação'", pontuou, fazendo referência ao relatório da CPI da Covid.

"Se Bolsonaro também tivesse pedido a cidadania italiana, haveria um sério risco de que a família, em relação aos julgamentos envolvendo o presidente, quisesse usá-la para evitar ser julgada pelos tribunais. Isso seria inaceitável", finalizou Bonelli.

Em 2021, o próprio Bolsonaro recebeu o título de cidadão honorário italiano da prefeitura de Anguillara Veneta, pequena cidade de seus ancestrais no norte da Itália, em meio a protestos contra a honraria. O caso está sob análise da Justiça do país europeu.


Por: revistaforum.com.br