Professora trancou bebês no banheiro de creche para salvar crianças de massacre em Blumenau. Simone telefonou para autoridades após esconder “os pequenos”
Simone Aparecida Camargo |
Ainda abalada, ela deu detalhes do momento exato em que o homem pulou o muro da escola armado e atacou as crianças que brincavam ao ar livre. “Minha parceira de sala chegou correndo dizendo ‘fecha a porta, fecha a janela porque um cara assaltou o posto’. Pensamos que era um assalto porque ele invadiu a escola, só que fechei os bebês no banheiro, depois vieram na porta dizendo que ele ‘veio matando’, ele foi no parque para matar. No parquinho, a turma do pré estava toda no parque fazendo uma roda de conversa. Ele tinha mais que uma arma”, relatou.
O ataque aconteceu no início da manhã na creche Cantinho Bom Pastor, uma unidade de ensino é particular. Na ação, quatro crianças foram mortas, entre elas três meninos e uma menina com idades de 5 a 7 anos.
Um homem de 25 anos pulou o muro da creche e iniciou o ataque contra as crianças com uma machadinha. As vítimas foram atingidas na região da cabeça. Como mostrou o Pragmatismo, o autor do atentado reverenciava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais.
Em uma das publicações, o autor do massacre compartilha uma postagem da página ‘Bolsonaro Blumenau’, que relaciona positivamente o ex-presidente a personagens do filme Os Vingadores. Em outra postagem, o assassino compartilha uma série de motivos para votar em Bolsonaro. Em uma terceira publicação, o criminoso compartilha um texto de Eduardo Bolsonaro segurando um fuzil.
Na manhã de hoje, poucas horas antes do ataque, o criminoso publicou no Facebook uma mensagem de agradecimento a um policial, que ele cita como o ‘coordenador’ do atentado. “Policial ******** que comandou o ataque, resistência manda um salve!”.
A Polícia Civil informou que apura o envolvimento de outras pessoas. “A gente quer identificar se tem mais algum participante, se mais alguém participou, como ele tramou esse plano, onde ele obteve informações”, disse o delegado geral de Santa Catarina.
Doutor em Ciências Sociais, Rudá Ricci afirma que é impossível desassociar o ataque ao clima de ódio que se instalou no Brasil nos últimos anos. “Jair Bolsonaro obteve 75,28% dos votos em Santa Catarina no segundo turno das eleições do ano passado. Não se trata de uma coincidência: trata-se de um ambiente contaminado pelo discurso da autorização da violência”, afirmou.
O ataque ocorre menos de dez dias após uma escola em São Paulo ser alvo de um aluno adolescente que matou uma professora com golpes de faca e deixou outras três feridas, além de um estudante. Desde 2011, mais de 10 escolas foram atacadas por criminosos no Brasil.
Silvio Almeida, ministros dos Direitos Humanos, desabafou após o massacre: “Eu não estou feliz, estamos matando a esperança. Vamos esperar chegar no número dos Estados Unidos, que é um país que é modelo para muita gente? Vamos esperar chegar em 300 ataques por ano, com essa gente cultuando arma? Nós falhamos miseravelmente com Bernardo Cunha Machado, de cinco anos; com Bernardo Pabest da Cunha, de quatro anos; com Larissa Maia Toldo, de sete anos; com Enzo Marchesin Barbosa, de quatro anos. Esse é o nome das crianças que foram assassinadas hoje”.
Por Pragmatismo Político
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