A polícia Federal afirmou em relatório da Operação Venire, deflagrada ontem que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha “plena ciência” da fraude em sua carteira de vacinação


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A Polícia Federal afirmou em relatório da Operação Venire, deflagrada ontem que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha “plena ciência” da fraude em sua carteira de vacinação. Ao autorizar a ação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, considerou ‘plausível, lógica e robusta’ a hipótese da Polícia Federal de que o ex-chefe do Executivo, ‘de maneira velada’, procurou ‘eventuais vantagens advindas da imunização, especialmente considerado o fato de não ter conseguido a reeleição nas eleições 2022′. 

Segundo a Polícia Federal, as provas colhidas até o momento indicam que Bolsonaro tinha ‘plena ciência’ da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, a qual pode ‘ter sido realizada com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-presidente relacionada a fatos e situações que necessitem de comprovante de vacina contra a covid-19. De acordo com os investigadores, os documentos alterados teriam servido para burla de restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia.  

Ao requerer autorização para vasculhar endereço do ex-presidente e prender seis de seus aliados, a PF disse ter identificado 'associação criminosa para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde'. Segundo os investigadores, foi 'criada uma estrutura criminosa no município de Duque de Caxias', no Rio, para beneficiar o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente coronel Mauro Cid, suas filhas e também o então presidente e sua filha Laura, além dos assessores Max Guilherme e Sergio Cordeiro. 

"As inserções falsas tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários. Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos Poderes Públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19", narrou a PF. 

Segundo a corporação, no dia 21 de dezembro, foram lançados no sistema do Ministério da Saúde registros sobre duas supostas doses da vacina que Bolsonaro teria tomado. As aplicações teriam ocorrido em agosto e em outubro de 2022. Seis dias após o lançamento, os dados foram excluídos da plataforma sob 'justificativa de erro'. No dia 30, Bolsonaro viajou para os EUA, só retornando ao País em março. 

A partir dos elementos colhidos pela Polícia Federal, Alexandre de Moraes considerou 'imprescindível' a realização das diligências cumpridas na manhã de ontem. A Procuradoria-Geral da República deu parecer parcialmente favorável à ofensiva, não encampando, por exemplo, o pedido da PF para que o endereço do ex-presidente fosse vasculhado. 

A PGR argumentou que os dados levantados pela Polícia Federal indicariam que o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, 'teria arquitetado e capitaneado a ação criminosa, à revelia, sem o conhecimento e sem a anuência' do ex-presidente. 

Fonte: Agência estado